Entrevista da Tribuna Economica ao Secretario Geral da Câmara

10/10/2017


Entrevista da Tribuna Economica a Giorgio Luigi Rossi, Secretario Geral da Câmara Ítalo-Brasileira de Comercio e Indústria do Rio de Janeiro. 18/09/2017.

http://www.etribuna.com/eportale/it/26952-tribuna-economica-edicola

A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro (CIBCI) realizou em 2016 mais de 5.000 atendimentos, tanto a italianos quanto a brasileiros, graças a uma equipe interna dedicada a assistência empresarial e acompanhamento na busca de parceiros (principalmente a PMEs). Como indicado pelo Secretário Geral da CIBCI, Giorgio Luigi Rossi “entre os pontos fortes da Itália para o mercado brasileiro destacam-se a proximidade cultural e a apreciação geral de tudo o que é Made in Italy e/ou Made by Italy “.

Dr. Rossi, poderia nos falar sobre o setor bancário brasileiro? …

O setor bancário no Brasil é muito estruturado e sólido. Os cinco principais bancos contam com ampla cobertura nacional em termos de agências. O sistema é altamente informatizado, é possível fazer a maioria das operações on-line (por exemplo, a realização de transferências de crédito – mesmo entre diferentes instituições – é instantânea). Existem mais de 180 instituições de crédito no Brasil, e, segundo uma recente publicação do Banco Central, apenas 25 bancos fecharam o ano de 2016 com prejuízo (institutos de pequeno porte). Graças a taxas de juros muito altas (mantidas elevadas em 2015 e 2016 para diminuir a inflação ao consumidor), os bancos brasileiros continuam a aumentar a receita, mesmo em anos de desaceleração econômica. O lucro líquido dos cinco maiores bancos comerciais brasileiros (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander) foi, em 2016, de R$ 50,29 bilhões, totalizando R$ 55,26 bilhões para as 180 instituições. Do ponto de vista da estabilidade, o governo federal introduziu em 1995 o PROER, um programa de monitoramento bancário que funciona como auditoria de contas bancárias e empréstimos improdutivos. O PROER foi, entre outras coisas, estudado pelo atual Programa de Monitoramento de Bancos dos EUA, criado em 2009 após a Crise de Subprime. É igualmente forte a presença de filiais locais dos bancos italianos mais importantes. A Banca Popolare di Vicenza, Intesa Sanpaolo, UBI Banca e Unicredit têm escritórios na cidade de São Paulo, sede do mercado de ações. São Paulo conta com a presença de um funcionário do Banco Central da Itália.

… e em relação ao mercado financeiro?

Os mercados financeiros brasileiros parecem estar se beneficiando, neste momento, do ambiente externo favorável. A recuperação do crescimento na Europa, no Japão e nos Estados Unidos e a grande liquidez ainda presente nos mercados internacionais ajudaram a reduzir a aversão ao risco nos mercados globais e provocaram um maior apetite por ativos financeiros nos mercados emergentes. Uma segunda força externa que favorece o Brasil é a recuperação do comércio mundial e a revalorização das commodities, que está gerando um grande superávit na balança comercial brasileira (quase US$ 58 bilhões em doze meses – dados de junho de 2017).

Como as empresas italianas são apoiadas no Brasil?

 O sistema empresarial italiano no Brasil conta com o importante apoio do escritório SACE/SIMEST, do Grupo Cassa Depositi e Prestiti. Com cerca de 1,5 bilhão de euros de exportações e investimentos garantidos, o Brasil é o quinto mercado externo na carteira da SACE. Desde o início das operações, a SIMEST adquiriu 57 investimentos de capital no Brasil, por um valor total de 169 milhões de euros, diante de um investimento total de € 1,144 milhões e patrimônio líquido das subsidiárias de € 660 milhões.

Como são estruturados os investimentos italianos na jurisdição da sua Câmara e quais são os benefícios dedicados aos investimentos estrangeiros?

 O Brasil é uma república federativa composta por 26 Estados e um Distrito Federal. Cada um desses Estados possui seu próprio programa de incentivos e investimentos estrangeiros. Esses programas também incluem algumas facilitações de âmbito municipal. A Câmara Italo-Brasileira do Rio de Janeiro atua principalmente nos Estados do Rio (sede principal), Espírito Santo (escritório de representação em Vitória) e Pernambuco (escritório de representação em Recife). A equipe do Rio responde às solicitações de 15 Estados. Normalmente, os incentivos incluem incentivos fiscais para impostos estaduais e municipais; cessão de áreas para instalação do centro de produção; acordos para melhorar a infraestrutura urbana ao serviço da empresa; apoio à formação da força de trabalho.

Como o capital brasileiro é investido na Itália?

 Nos anos de melhor performance da economia brasileira (2008-2015), foi registrado um aumento significativo nos fluxos de investimento estrangeiro direto (IED) para a Europa, que provavelmente recomeçará em 2018 com a melhoria da economia doméstica brasileira. Apesar da desaceleração econômica, no entanto, é importante saber que o Brasil continua a ser um player importante para o turismo na Itália. Os brasileiros que visitam o “Bel Paese” estão em quinto lugar em termos de gastos diários médios (163,83 euros), após os japoneses, os chineses, os norte-americanos e os russos, e em 15° lugar por número de chegadas à Itália em 2015 (dados ISTAT- equivalente ao IBGE, do último ano dísponivel), o primeiro mercado da América Latina. O mercado brasileiro nos últimos dez anos tem experimentado tendências de crescimento contínuo (+ 16% de média anual) na presença de turistas no exterior.

 Fonte: http://www.etribuna.com/eportale/it/26952-tribuna-economica-edicola



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