Brasil buscará apoio de Espanha e Itália para acordo entre Mercosul e UE

11/07/2016


MADRI – Com a possível saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o Brasil deve se aliar a países como Espanha e Itália para avançar nas negociações sobre o acordo do bloco europeu com o Mercosul, disse nesta quarta-feira o embaixador e subsecretário de assuntos econômicos do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Carlos Márcio Cozendey.

O acordo entre UE e Mercosul prevê, entre outros pontos, mais acesso dos produtos agrícolas latino-americanos ao mercado europeu e, por outro lado, mais acesso por parte dos produtos industrializados europeus aos países do Mercosul. O Reino Unido era uma espécie de fiador do acordo pois a agricultura não tem peso na economia britânica. A França é um dos países que tem mais resistência às negociações devido à importância da atividade agrícola para o país. Com a possível saída do Reino Unido, após o plebiscito sobre a permanência ou não na UE, os franceses ganham mais poder na composição de forças europeia.

— Há outros países com que contamos na UE, como Espanha e Itália. O Reino Unido teria muito interesse no acordo e menos sensibilidade. Mas acreditamos que o acordo vai seguir. A União Europeia teve mais ou menos países ao longo da história e estamos seguindo com as negociações — disse Cozendey, no XV Encontro Santander América Latina, em Madri.

Quanto à possibilidade de a Venezuela assumir a presidência rotativa do Mercosul e sua influência sobre o acordo, Cozendey esclareceu que os venezuelanos não participam neste momento das negociações com a UE por uma escolha deles. Mas lembrou que, caso a Venezuela conclua o processo de adesão como membro pleno do bloco, terá que aderir ao acordo com a UE no futuro.

— A Venezuela segue um processo de adaptação no Mercosul. Pelo acordo de adesão, ela já deveria ter incorporado uma série de regulamentações , mas, por questões internas, não conseguiu avançar nisso — disse o embaixador.

Justamente por não ter preenchido esses requisitos, Brasil e Argentina, assim como Paraguai, tem defendido que a Venezuela não assuma a presidência do bloco. Por outro lado, o Uruguai, que ocupa a presidência temporária do Mercosul neste momento, tem advogado a favor dos venezuelanos.

Cozendey disse que a ideia é que seja eleito um país âncora para encabeçar as negociações com a UE, justamente para evitar que mudanças na presidência do bloco atrapalhem as negociações com a UE. E reforçou que o novo governo brasileiro vai perseguir o acordo.

— Este tema tem um nível de consenso bastante elevado no governo interino

O embaixador da Argentina no Brasil, Carlos Magariños, também reforçou a vontade de a Argentina de manter as negociações com o bloco:

— Esse acordo é importante por duas razões. A primeira é que precisamos voltar a dinamizar o comércio global, que crescia duas vezes mais que o PIB mundial antes da crise de 2008 e que hoje cresce no mesmo ritmo que a economia internacional. A segunda, é promover o comércio mundial por meio de blocos regionais, seguindo o multilateralismo.

Segundo Magarinõs, o comércio entre Argentina e os países da UE cresceu 22% entre janeiro e março deste ano, comparado a igual período de 2015.

* A repórter viajou a convite do Santander

Fonte: O Globo



Todas as Notcícias