Cenário ambiental brasileiro em 2021: oportunidades e desafios em práticas sustentáveis

14/03/2022


A Câmara Ítalo brasileira de Indústria e Comércio do Rio de Janeiro dá continuidade às matérias desenvolvidas pela nossa equipe que compartilha os dados e resultados de algumas de nossas atividades e pesquisas realizadas em 2021 abordando os impactos e balanços obtidos durante a pandemia no Brasil e como impacta a relação entre Brasil e Itália.

 

Brasil é um dos 17 países megadiversos do mundo, possui a segunda maior área de florestas do planeta e o maior reservatório de água doce do globo, com 12% de todas as fontes do mundo. Na COP26, realizada entre outubro e novembro na Escócia, o Brasil assumiu o compromisso de zerar o desmatamento ilegal em 2028 e cortar em 50% as emissões de gases poluentes até 2030. (BBC Brasil)
A Amazônia tem importância crucial para o sucesso da meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento global em 1,5°C. Um aquecimento maior do que esse tornaria diversas áreas do planeta inabitáveis, contribuiria para eventos climáticos extremos, significaria a extinção de espécies e ameaçaria o fornecimento de alimentos no mundo, segundo cientistas. (BBC Brasil)

Uma das áreas mais polêmicas e tumultuadas em 2021, o meio ambiente brasileiro viu crescer desmatamento e queimadas com devastação de seus biomas.
Os piores resultados vieram da Amazônia Legal que, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), teve alta de 21,97% na taxa de desmatamento no ano, perdendo mais de 13 mil km2 de área desmatada no período de 01 agosto de 2020 a 31 de julho de 2021.
Na visão de especialistas e ambientalistas da USP, o saldo do ano não é positivo e exige mudanças de políticas e de relacionamento com o meio ambiente, pautadas não apenas pela economia, mas pela qualidade de vida de maneira geral. (Jornal USP)

COP26 traz promessas que precisam se tornar realidade
Como fato positivo de 2021, o professor de Biologia, Marcelo Marini Pereira de Souza, lembra dos resultados da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021, a COP26. Souza avalia como benéfica ao meio ambiente a “crescente preocupação dos governos, principalmente aqueles que mais contribuem para os efeitos negativos das mudanças climáticas” e os compromissos assumidos na COP26. Ainda precisam se tornar realidade, “mas já representam um alento”, afirma.
Souza acredita que as promessas da COP26 são um indicativo de que existem “pessoas preocupadas com os aspectos decorrentes das mudanças climáticas” e com todo o processo que envolve não somente a economia, mas a perda de biodiversidade e da qualidade de vida de uma maneira geral.

Investir em energia limpa é fundamental
Segundo a especialista em política climática mundial pela USP, a professora Helena Margarido Moreira, o setor energético é um dos que mais precisa de atenção. Helena acredita que o Brasil tem todo o potencial para aproveitar o atual momento em que há uma demanda por economia de baixo carbono e garantir políticas públicas, planejamento e investimentos tecnológicos “em novos tipos de energias, que sejam limpas, renováveis”.

Recursos ambientais não são ilimitados
Tratar o meio ambiente como ilimitado é algo que “não pode permanecer, afinal de contas, a área ambiental tem limitação, o bem comum é limitado”, defende o professor Souza. Essa questão, afirma, precisa ser contemplada no processo de desenvolvimento, através “precisamos de uma política que consiga inserir não apenas as questões utilitaristas” aos recursos naturais. Para Souza, é necessário lançar mão de “uma visão de médio e longo prazo e inserir visões de valor intrínseco nas questões ambientais”. Esta política deve contemplar a “divisão de espaços com outros seres vivos, e não só a lógica desse mercado”.(Jornal USP)

Investimento em sustentabilidade
A maioria das indústrias de pequeno porte (55%) tem intenção de investir mais nos próximos dois anos na implementação de ações sustentáveis, para uma transição para a economia de baixo carbono. Para outras (37%) os recursos devem ficar no mesmo patamar dos atuais e apenas 4% afirmaram que esse investimento deve ser reduzido.
Os dados são de uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com o Instituto FSB que avaliou a visão dessas indústrias sobre a sustentabilidade. Segundo a entidade, em alguns quesitos, as indústrias de pequeno porte estão avançadas. Mesmo em meio à pandemia de covid-19 e à crise econômica, 20% dos pequenos negócios industriais aumentaram o investimento nesse tipo de ação.
Ações para evitar o desperdício de energia e de água já são adotadas por 90% e 89% das empresas desse porte, respectivamente. Já a gestão de resíduos sólidos é uma realidade em 85% dos negócios.
De acordo com a pesquisa, três em cada quatro (76%) executivos afirmam que o setor industrial, considerando o ambiente de negócios no Brasil hoje em dia, enxerga o tema sustentabilidade como uma oportunidade. E para quase um terço deles a agenda de sustentabilidade envolve mais oportunidades do que riscos. Apenas 22% afirmaram que há mais riscos que oportunidades ou só riscos.
Para a CNI, os dados mostram que as indústrias de pequeno porte estão atentas à importância da implementação de ações concretas de sustentabilidade em seus processos produtivos, alinhadas à estratégia levada pela entidade para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), que aconteceu de 1º a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia. Nesse sentido, a CNI destaca que não há mais espaço para a “falsa divergência” entre desenvolvimento e conservação do meio ambiente.
Para 16% dos executivos consultados, o financiamento a ações sustentáveis e a conscientização da sociedade deveriam ser prioridades do governo. Para 71% dos representantes das pequenas indústrias do Brasil, cabe ao poder público, além de controlar, estimular as empresas para que sigam as regras ambientais.

Razões para investimentos
Os dois principais motivos que levam indústrias de pequeno porte a investir em sustentabilidade são a reputação junto à sociedade e aos consumidores (40%) e o atendimento às exigências regulatórias, também com 40% das respostas. A redução de custos, com 36%, e o aumento da competitividade, com 34%, completam a lista de itens que mais estimulam os empresários a adotarem a agenda sustentável.
Do outro lado, a falta de cultura voltada para o tema (46%) e a falta de incentivos do governo (45%) são apontados como os principais entraves.
A pesquisa mostra ainda que apenas 36% dos pequenos industriais já teve, como fornecedor, alguma exigência de certificado ou ação ambientalmente sustentável como critério de contratação por parte dos clientes. O índice é ainda mais baixo (24%) quando a análise recai sobre a exigência por parte das pequenas indústrias de critérios sustentáveis para a contratação de fornecedores. O percentual de empresas que já deixaram de vender algum produto por não ter alguma certificação ou seguir alguma ação de sustentabilidade exigida pelo mercado cai pela metade: 12%. (Agência Brasil).

 

A nossa próxima publicação abordaremos os investimento estrangeiro direto no Brasil em 2021.



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